Ladrões invadiram o 3.º Tabelião de Notas e
Protesto de Letras e Títulos de Bauru e furtaram cerca de 120 mil selos
utilizados em autenticação de cópias e reconhecimento de firmas. A
suspeita é de que a unidade tenha sido alvo de uma quadrilha especializada
neste tipo de crime, já que ocorrências semelhantes, com a mesma forma de
ação, foram registradas entre o final do ano passado e início deste ano em
outros municípios paulistas.
O fato de toda a central de monitoramento de câmeras e o alarme terem sido
desligados também leva a crer de que se trate de um grupo bastante
preparado para cometer este tipo de crime. Nenhum rastro foi deixado no
local e a Polícia Civil ainda não tem pistas sobre a identidade dos
autores.
O caso foi registrado entre a noite de sábado e madrugada de domingo.
Segundo o tabelião Demades Mário Castro, esta é a primeira vez em que o
cartório é alvo deste tipo de ação criminosa. “Em nenhum outro cartório de
notas da cidade aconteceu algo parecido”, completa.
Além dos 120 mil selos, foram levados alguns pertences de funcionários e
do cartório, além do dinheiro que estava no caixa, cuja quantia, o
tabelião informa, não era elevada. “Ficou evidente que o foco eram os
selos e que se trata de uma quadrilha especializada. Além do cadeado da
entrada, nenhuma porta foi arrombada”, explica. O cofre, onde estavam os
selos, também foi aberto com a utilização de técnicas específicas.
RASTREAMENTO
Castro conta que o sistema de alarme do cartório foi desativado pela
quadrilha, que também subtraiu a central que armazenava as imagens
capturadas pelas câmeras do sistema de monitoramento interno. “O gravador
e o repetidor foram levados, assim como uma câmera, que provavelmente só
foi retirada devido ao fácil acesso”, frisa.
Como os selos possuem números de série, o Tribunal de Justiça do Estado já
foi comunicado sobre a ocorrência e deverá contribuir para o trabalho de
rastreamento. Ainda de acordo com o tabelião, todo o acervo do cartório
foi preservado.
“Ou seja, toda a documentação dos nossos clientes se manteve intacta, até
porque não era de interesse desta quadrilha”, frisa. Castro informou que
já substituiu os equipamentos de segurança furtados e, como medida de
precaução, decidiu não manter mais estoques elevados de selos dentro do
cartório.
Quadrilha especializada e fraudes
O delegado Fábio Marioto, que preside o inquérito sobre o caso, adiantou
que deverá contatar as delegacias dos municípios onde cartórios foram alvo
do mesmo tipo de crime para a troca de informações que possam auxiliar nas
investigações. “Vamos conversar com peritos e cartorários de São Paulo,
São José do Rio Preto e Americana”, elenca.
Assim como o tabelião Demades Mário Castro, ele acredita que o furto foi
cometido por uma quadrilha especializada, que pode estar agindo em outras
cidades do Estado para lucrar alto com a venda deste tipo de selos a
outras associações criminosas voltadas à prática de fraudes. Vale
ressaltar que os selos furtados, como os de reconhecimento de firma, podem
servir, por exemplo, para alguns procedimentos de regularização de
documentos de veículos.
O delegado também acredita que o grupo teve acesso a informações
privilegiadas, que podem ter sido fornecidas por prestadores de serviços
ou outras pessoas que tiveram acesso a áreas restritas do cartório.
“Certamente, trata-se de uma quadrilha com muita especialização, que vai
repassar estes selos para uma demanda já existente. E quem entrou no
prédio sabia o que estava fazendo, conhecia as instalações e todos os
mecanismos de segurança do prédio”, completa.
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